quinta-feira, 26 de julho de 2007

Um país - dois sistemas

Portugal decidiu copiar a China. Este país, como sabemos, ainda se diz comunista mas convive amável e cumplicemente com o capitalismo, que procura e deseja, para desenvolver a sua economia. Em Hong Kong e em Macau, ninguém sabe do comunismo. É o conhecido método “um país, dois sistemas".
Cá, vivemos hoje no mesmo no regime. Há o país da rua, do desemprego, da escola, e há o país de Sócrates. No primeiro existe pessimismo e dificuldades. No segundo só existem maravilhas, para lá, é claro, do sucesso no combate às cáries dentárias, que é o orgulho do Primeiro-Ministro."Saímos daqui com vontade de comprar uma casa." Foi desta forma que o Primeiro-Ministro se referiu às vantagens do "Casa Pronta", o novo balcão único onde se pode tratar dos vários procedimentos inerentes à compra e venda de casa, como a assinatura da escritura pública ou pedir a caderneta predial. Pois será. O problema no tal país que Sócrates ignora do alto das cataratas de propaganda onde se atola, mas que existe, não é falta de vontade para comprar casa. É a falta de dinheiro.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Em Abril/Maio último foi amplamente divulgado pela comunicação social uma situação que me deixou profundamente arrepiado e indignado.
Uma Professora de uma Escola Secundária de Aveiro, com uma leucemia em fase terminal, e a quem lhe restava pouco tempo de vida, foi obrigada pela Direcção Regional de Educação do Centro a apresentar-se ao serviço e a dar aulas.
Imagino o quanto penoso deve ter sido para tal docente ter que se apresentar ao serviço para dar aulas. Quando a mesma não se encontrava nas melhore condições físicas e psíquicas para tal efeito. Quanto deve ter sofrido essa Professora no pouco tempo que lhe restava de vida.
Situação idêntica verificou-se com um Professor de uma Escola Secundária de Braga, situação essa amplamente relatada pela comunicação social ao longo desta semana.
Um Professor de uma Escola Secundária de Braga, com um cancro na laringe em fase terminal, e a quem lhe restava pouco tempo de vida, foi obrigado pela Direcção Geral de Educação do Norte a apresentar-se ao serviço e a dar aulas. Igualmente deverá ter sido penoso para tal docente ter que se apresentar ao serviço e dar aulas, quando o mesmo não se encontrava nas melhores condições físicas e psíquicas para o efeito.
As situações dos docentes de Aveiro e de Braga são em todo semelhantes, e demonstra o quanto o Estado usa e abusa das pessoas, mesmo quando estas sofrem de doenças em fases terminais, a quem lhes resta pouco tempo de vida. Tudo com o objectivo de poupar uns tostões aos cofres da Segurança Social, de modo a não pagar pensões àqueles que trabalharam arduamente durante uma vida inteira, fizeram sempre os seus descontos e, quando mais precisam do auxílio do Estado na sequência das graves doenças de que padecem, o Estado faz-lhes um manguito e obriga-os a trabalhar, mesmo gravemente doentes.
Convém aqui lembrar a José Sócrates uma frase que António Guterres, seu padrinho político, disse um dia: “Os Portugueses não são números. São pessoas”. É pois tempo de este Governo respeitar as pessoas. Sobretudo a saúde dessas mesmas pessoas, em caso de doença grave.